Do que trata a cura dos padrões de vidas passadas e como ela nos ajuda a compreender o momento presente e, acima de tudo, se transformar?


"Quando fazemos este trabalho no reino do pós morte, estamos de fato levando a cabo um tipo de cura ritual, integrando uma parte da alma que ficou presa em um processo de morte inacabado e, assim, trazendo uma parte perdida da alma, como diriam os xamãs. Geralmente, estamos reequilibrando as energias físicas e emocionais através do corpo sutil, trabalhando nas feridas, nos lugares doloridos, e assim, liberando os bloqueios no corpo sutil. É comum encontrarmos, em certas áreas do corpo sutil, resíduos de velhas feridas que a pessoa sente que merece carregar. Ás vezes as feridas da morte são inevitáveis, como quando uma pessoa adotou uma certa postura na qual o corpo congelou enquanto tentava se proteger. Os que padecem de asma geralmente estão conectados a vidas passadas em campos de concentração, onde o pensamento no momento da morte era: "eu não devo inspirar o gás". Quando o pensamento é liberado o organismo pode então respirar livremente de novo.


Uma cura igualmente importante ocorre quando nos tornamos conscientes dos padrões de pensamentos egóicos de autopunição, de autolimitação, de vingança e pensamentos de auto-rejeição. Quando trazidos à consciência e vistos no contexto em que surgiram, estes padrões de pensamentos podem então ser vistos e abandonados.


Quando tal trabalho se realiza costuma gerar uma profunda compaixão - aprendemos a morrer para nossos velhos eus, mudando velhos padrões por vermos que eles não pertencem a esta vida. Acabamos aprendendo, como dizem os tibetanos, que o nascimento e a morte são, ao todo, um processo cíclico e que são todos da mente. Passamos a compreender o que os sufis chamam "a unidade dos mundos" (Ghalib) e a impermanência de nosso ser. Se pudermos morrer conscientemente, se pudermos primeiro morrer para o ego, poderemos nos tornar mais leves, fisicamente menos densos.


O processo de renascimento é simplesmente abandonar padrões habituais que não nos pertencem. E, à medida que nos desfizermos de mais, a totalidade do nosso campo energético se torna mais leve e ficamos mais próximos de nossa essência, a qual é, essencialmente, a de seres de luz.


É por isso que os tibetanos tem sabiamente visto que a morte consciente é a maior de todas as curas.


Aquilo de que podemos nos desprender no momento da morte não será mais passado adiante. Se pudermos abandonar nosso apego a tudo o que tange a personalidade, haverá, por fim, um tipo de aniquilamento da personalidade do ego que pode marcar o início da viagem grande mística. Todos esses personagens e histórias que temos carregado são, simplesmente, as máscaras transitórias da alma, que cairão ao fim do drama quando descobrirmos, como Shakespeare, que "nossa pequena vida se encerra com um sono". Rumi é ainda mais sucinto: "Renuncie a todas as faces no seu coração para que a face sem face possa vir até você."


Termino com um dos mais belos quadros que encontrei do processo de morte pacífica, em as Quatro Últimas Canções de Richard Strauss, organizada para musicar o poema de Herman Hesse, “Beim schalfengehen” (Ao Adormecer). Esta sublime elegia foi escrita enquanto o poeta também antecipava sua própria morte.


"Ao deitar-se
Muito cansado pelo longo dia
Que meu desejo saudoso
Seja, como criança cansada,
Acolhido pela noite estrelada


Mãos deixem todo afazer
Fronte esqueça todo pensar
Todos meus sentidos agora
Querem em repouso calar


E a alma sem guardas
Quer com asas libertas flutuar
Para no encantado círculo da morte
Profunda e eternamente estar."


(Roger Woolger)



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