Meditação é um estado de clareza, não um estado da mente.


Mente é confusão, a mente nunca é clara. Não pode ser. Pensamentos criam nuvens à sua volta. Eles são nuvens sutis. Eles criam uma névoa e com isso a clareza é perdida. Quando os pensamentos desaparecem, quando não tem mais nuvens à sua volta, quando você está no estado de simplesmente ser, aí a clareza acontece, aí você pode enxergar longe, aí você pode ver até o fim da existência, aí o seu olhar se torna penetrante - até o centro do ser.


Quando a lua da sua mente se tornar nublada pela confusão, você está procurando pela luz do lado de fora...

Meditação é clareza, clareza absoluta de visão. Não é algo sobre o que você possa pensar. Você tem que abandonar o pensamento. Quando eu digo que "você tem que abandonar o pensamento", não conclua correndo, pois eu tenho que usar a linguagem. Então eu digo, "abandone o pensamento", mas se você começar a largar, você vai ter perdido o ponto, pois novamente você estará "agindo".


Largar o pensamento simplesmente significa: Não faça nada. Sente. Deixe que os pensamentos se acalmem por si mesmos. Deixe que a mente caia fora por sua própria conta. Apenas sente-se, olhando para parede em um canto silencioso, não fazendo absolutamente nada. Relaxado, solto, sem esforço, não indo a nenhum lugar como se você estivesse caindo no sono acordado. Você está acordado e você está relaxado, mas seu corpo todo está caindo no sono. Você permanece alerta por dentro mas o corpo todo entra em profundo relaxamento.


Os pensamentos sossegam por conta própria. Você não precisa pular, entre neles. Você não precisa tentar arrumá-los. É como se um córrego ficasse barrento... o que é que você faz? Você pula dentro dele e começa a ajudar o córrego a ficar límpido? Você apenas o tornaria mais barrento. Você simplesmente senta na margem. Você espera. Não faça nada que possa ser feito, pois o que quer que você faça, deixará o córrego mais barrento. Se alguém atravessou o córrego e as folhas mortas vieram para superfície, e a lama do fundo levantou, apenas paciência é necessária. Você simplesmente senta na margem. Olha, indiferentemente. Enquanto o córrego continua fluindo, as folhas mortas serão carregadas e a lama vai começar a se assentar, pois ela não pode flutuar para sempre.


Depois de algum tempo, subitamente você vai notar que o córrego ficou cristalino de novo. Sempre que um desejo passa através de sua mente, o córrego fica barrento. Portanto, apenas sente. Não tente fazer nada. No Japão este "apenas sentar-se" é chamado de Zazen; apenas sentar e não fazer nada. E um dia a meditação acontece. Não que você a tenha trazido. É ela que vem para você. E quando ela chega, você a reconhece imediatamente. Ela sempre esteve aí, mas você não estava olhando na direção certa.


O tesouro sempre esteve com você mas estava ocupado com outras coisas, com pensamentos, com desejos, com mil e uma coisas. Você não estava interessado naquela coisa...o seu próprio ser.


Quando a energia se volta para dentro - o que Buddha chama Parabvrutti, a volta da energia para sua própria fonte - subitamente a clareza é atingida. Aí você pode ver as nuvens a milhares de quilômetros de distância e você pode ouvir música antiga nos pinheiros e tudo fica disponível para você.


Mente significa palavras. Ser significa silêncio. Mente é nada mais que todas as palavras que você acumulou. Silêncio é aquilo que sempre esteve com você. Não é uma acumulação. Este é o significado de Ser. É uma qualidade intrínseca sua. Sobre um fundo de silêncio você vai acumular palavras, e a soma destas palavras é conhecida como mente.


Normalmente quando as pessoas pensam em meditação, elas pensam em fazer um grande esforço, eles pensam que é árduo, eles acham que é uma tarefa difícil. A meditação verdadeira é exatamente o oposto disto. É um abandonar-se, não é uma tarefa extenuante, é um entregar-se totalmente. É uma rendição, não uma luta. Não é um esforço mas é um sem esforço. Meditação verdadeira é aprender a sentar-se em silencio e não fazer nada, se relaxar em não fazer nada, relaxar no seu próprio ser fazendo nada - porque relaxar significa mover-se para fora do centro, fazer significa que a mente tomou parte, o corpo tomou parte. Ou você começou a pensar e desejar ou você começou a agir. Estes são os três círculos concêntricos em torno do nosso ser. O primeiro círculo mais próximo do nosso ser é o dos sentimentos, mesmo quando você sente alguma coisa, você moveu-se para fora do ser. O segundo que é mais afastado do seu ser é o pensar, quando você pensa, você se move para mais longe ainda, para mais longe do que sentir. E o terceiro círculo é o de atividades, quando você começa a fazer alguma coisa, você foi para bem longe, você se afastou o máximo possível.


O meditador lentamente se move para dentro. Primeiro ele cessa as atividades. É por isso que se tornou importante sentar-se em silencio em uma determinada postura relaxada. As imagens de Buddha sempre o retratam sentado em uma certa posição que é chamada a posição de Lótus. É a posição que mais descansa o corpo. Quando as suas pernas estão cruzadas e as mãos também apoiadas nelas, tocando uma a outra, é agora um fato científico largamente conhecido que a eletricidade do seu corpo começa a se mover em círculos. Nesta posição o círculo não é quebrado em nenhum lugar. A eletricidade é liberada pela ponta dos dedos das mãos e pela ponta dos pés, quando as pernas se apoiam uma na outra e as mãos descansam uma na outra, a eletricidade começa a se mover em círculos. Ela não sai do corpo, ela se torna um círculo interno preservando a energia. E conforme a energia começa a se mover em círculos, você se torna o centro do círculo. A sua consciência simplesmente repousa no meio dele. Portanto o corpo tem que ficar em uma posição não ativa, aí então é fácil de parar o processo do pensamento. E o modo é apenas olhar os pensamentos sem nenhuma avaliação ou julgamento. Esta é toda a estratégia de sair fora dos pensamentos: não condene, não julgue, apenas permaneça um observador indiferente.


A palavra que Buddha usa para isso é "upeksha": indiferença absoluta, sem interesse. Deixe os pensamentos passarem, eles não têm nada a ver com você, e permaneça imune. Quando menos eles te afetam, menos eles vêm. Quando sua imunidade for absoluta, a mente desaparece. E com o desaparecimento da mente resta agora apenas mais um círculo, o dos sentimentos.


Sentimentos são mais sutis, daí eles só poderem ser percebidos por último. O corpo é o mais grosseiro, a mente é no meio entre o corpo e sentimentos - um pouco mais sutil mas um pouco grosseira também. Os sentimentos são os mais sutis. Eles vêm como um sussurro, como uma ligeira brisa: se você não estiver muito alerta, você não será capaz de senti-los. São mudanças sutis de humor. Você estava se sentindo muito bem, uma pequena mudança e você já não se sente tão bem: uma pequena raiva surgiu ou uma pequena tristeza apareceu. E eles estão continuamente mudando.


Depois de observar a sua mente, você se torna capaz de observar estas pequenas e sutis nuances dos sentimentos. A estratégia permanece a mesma, o método é o mesmo, só se torna mais sutil. Apenas continue observando, sem se afetar, e um dia os sentimentos também desaparecem. O corpo está sentado lá como uma estátua de Buddha e você apenas descansando no seu ser.


Este estado é meditação e estar nele é a maior experiência da vida. Uma vez que você o tenha conhecido, você pode novamente começar a se mover no mundo usando o corpo, a mente e os sentimentos, mas agora você é o mestre. Agora você pode usar todos os três círculos facilmente mas você não está mais identificado com eles.


Este processo só é necessário até que a pessoa experimente o silencio absoluto, centramento, aterramento. Uma vez que foi experimentado, não é necessário ter um tempo separado para meditar; aí o que quer que você faça é meditação. Aí durante vinte e quatro horas por dia existe uma qualidade meditativa porque a pessoa continua fazendo tudo e está centrada ao mesmo tempo.


Os pensamentos vêm e o alerta está lá. E a qualquer momento, você pode ir para dentro, e a qualquer momento você pode sair fora. Isto é que é ser um mestre e o homem que é capaz disto é que é o real conquistador - os outros são apenas escravos.


Meditação é um processo muito simples: tudo o que você precisa saber é o botão certo. Os Upanishads o chamam de observar - o botão certo. Apenas observar o processo da sua mente, não fazer nada, não tem nada que precise ser feito. Apenas seja um olhador, um observador olhando o tráfego da mente, pensamentos...


Texto de Osho


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