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![]() A Integração das Memórias Bloqueadas O mecanismo de defesa do corpo teve um objetivo claro e um desígnio perfeito quando o estresse foi causado pelas diversas experiências exteriores. Então, houve um iniciador evidente — e um animal selvagem entrando em cena — e um fim evidente — voltar ao ambiente seguro da caverna; contudo, o cérebro não tem a capacidade de fazer uma distinção entre o real perigo físico e a ameaça psicológica imaginada. Embora sejam as mesmas as próprias reações, enquanto há algum motivo para estar alerta o cérebro não percebe que o perigo faz parte de um quadro criado sem correspondência no mundo exterior. Dada a capacidade de refletir sobre si mesmo e sobre a sua capacidade criativa, contudo (assim como ocorre na respiração ou na meditação consciente), o cérebro pode adquirir a capacidade de distinguir o estresse psicológico e de como lidar de um modo mais tranqüilo. Atualmente, a maior parte do estresse equivale a um contínuo estresse psicológico a que falta um princípio ou um final diferente. Conquanto os reais problemas sejam de uma natureza abstrata, como trabalho, dinheiro ou relacionamentos, o corpo enfrenta esses perigos secundários da mesma forma como enfrenta as reais ameaças à vida. "Um lugar seguro" ainda é necessário para que as impressões sejam integradas, porque só quando esse processo for completado é que o corpo liberará as memórias importantes a partir do subconsciente. A grande capacidade que o cérebro tem de armazenar informações é a um só tempo benéfica e prejudicial, porque, quando as memórias precisam ser reprimidas, ela exige da energia do corpo que mantenha essas memórias num nível inferior. Em geral, as reações simpáticas e parassimpáticas dão sinais de tensão ou de relaxamento no corpo. Dadas as circunstâncias apropriadas, tais como a de estar dormindo em segurança num quarto, o processo pode ter início espontaneamente; mas também pode ser iniciado a qualquer momento- Uma pessoa pode realizar esse processo estando deitada num ambiente seguro, relaxando o corpo e respirando num determinado nível; esses elementos darão os sinais apropriados para o corpo dar início ao processo de integração. Quando os sentimentos são frustrados no sentido de impedir uma "sobrecarga" do sistema interior, eles são "congelados", encapsulados em algum lugar do corpo. Continuam da mesma forma e com a mesma intensidade que tinham quando foram percebidos primeiramente, armazenados de modo a não serem afetados pelo tempo nem por outras circunstâncias externas. A composição química em que consiste determinada "memória", prende-se ao local em que ela exerceu influência sobre o corpo, pela primeira vez. A integração das impressões que entram ocorre quando tensão nos músculos é liberada e quando a "memória" química pode transformar-se aos poucos nos fluídos do corpo. Isso também equivale a dizer que as informações que estão chegando por fim vêm fazer parte da consciência. Só então podem as reações bloqueadas ser de todo experienciadas. Para que o mecanismo de barragem permita isso, as circunstâncias devem ser percebidas como aceitáveis para o organismo. Como afirmamos antes, os valores do limiar contra a dor são mais baixos nas primeiras fases da vida, para a proteção máxima do organismo, antes de a criança poder sobreviver por si mesma e ter aprendido a distinguir as ameaças do corpo. Eis por que tantas experiências são bloqueadas durante esse período. Por outro lado, isso significa que, quando um adulto libera memórias bloqueadas, elas podem facilmente ultrapassar os portões e chegar à consciência, de vez que elas são compatíveis com o nível de aceitação dos adultos." "As memórias têm de ser experienciadas novamente no nível em que foram bloqueadas, a fim de se integrarem plenamente. Por outras palavras, não é possível lembrar experiências muito antigas exceto por meio das memórias corporais, porquanto elas foram bloqueadas antes que o cérebro estivesse suficientemente desenvolvido para estar envolvido no processo. Essas experiências, portanto, não deixaram impressões claras no cérebro. Não se pode ter acesso a essas memórias apenas através da mente, elas devem ser abordadas por meio do relaxamento e da abertura no corpo. De outro modo, é impossível chegar às partes do corpo em que as memórias estão de fato armazenadas. Trata-se da profundidade da compreensão delas. Você pode revivê-las interminavelmente e jamais fazer com que saiam do sistema. Há duas trajetórias, dois caminhos, que levam até elas; a regressão, retrocedendo no tempo até elas, ou o recuo, voltando mentalmente ao local além das distinções e diferenciações - a uma profundidade meditativa" (R.D. Laing, entrevista, N. Albery, How To Fell Reborn, 1985). Gunnel Minett | Voltar | ![]() |
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